Um dos sinais que marcam este tempo do fim é constituído por uma realidade sombria: a enorme quantidade de mortes acontecendo, expressando a banalidade do viver e das razões que podem levar alguém a matar outrem. Morre-se de qualquer forma, pessoas de todas as idades… mortes trágicas, sinistras… frequentemente violentas e cruéis, revelando assim a pior face do ser humano – sua barbárie demonizadamente induzida e compartilhada.
Com tudo isto acontecendo, inevitavelmente a consciência da morte se tornou mais forte e presente do que a própria consciência da vida em si mesma. Consequentemente as pessoas estão vivendo o tempo todo debaixo do pavor da morte. Quando o temeroso coração sente que “você” pode ser o próximo a qualquer momento, duas coisas podem acontecer: ou se vive predisposto a lutar numa espécie de paranoia doentia ou em um ostracismo covarde que preserva o indivíduo por um lado, mas o mantêm fora do convívio com as outras pessoas e de qualquer situação que possa ser interpretada como risco a sua segurança e estabilidade.
Todavia, vemos constantemente que por essa mesma consciência de morte, indivíduos estão se precipitando, indo ao seu encontro, como se a inevitabilidade da “batida” provocasse uma atração pela própria “batida”. São processos inconscientes (em alguns casos), os quais o discernimento em fé no evangelho pode trazer, tanto clarificação quanto libertação, afinal o Senhor Jesus nos prometeu vida com abundância e não vida vivida debaixo do medo da morte. Com efeito, o Senhor Jesus veio “livrar a todos que pelo pavor da morte, viviam debaixo de escravidão” (Hb 2.15).
Precisamos ter o discernimento de que em Jesus o medo da morte não faz mais sentido, principalmente quando pensamos no nosso destino eterno, no que nos aguarda, ou seja, no resultado da morte, mesmo o resultado imediato. Quando um cristão que entendeu essa verdade diz ter medo da morte, ele simplesmente está se referindo à forma da morte, ao sofrimento com o qual ela pode chegar. Não se trata da morte enquanto agente maligno, pois em Cristo, esse agente maligno foi vencido pela sua morte e ressurreição.
O medo da morte, conquanto em Cristo já esteja vencido, pode mesmo assim, ser usado pelo diabo que assombra os desinformados, bem como aqueles que não se apropriaram das verdades do evangelho em fé. Como consequência vemos pessoas (cristãs ou não) indo para um dos dois extremos citados brevemente acima; e que vale a pena enfatizar:
- Pessoas que vivem isoladas numa espécie de bolha existencial. Não se envolvem com quase nada, principalmente em atos de ajuda ao próximo. Vivem em suas casas, como se elas fossem fortalezas capazes de lhes garantir segurança inabalável. Ficam consequentemente ilhadas; e não percebem que estão aprisionadas e escravas do mesmo jeito.
- O segundo extremo possui um discernimento psicológico, pois se refere à pulsão de morte. Mas não de forma sutil. Nesse extremo, pessoas com medo da morte, surpreendentemente acabam indo em direção a ela pelo estilo de vida que adotam ou pelas decisões tomadas em momentos que poderiam ser evitados. Como a morte é inevitável, essas pessoas se precipitam em direção a ela, principalmente na medida em que há um circuito de prazer envolvido. Às vezes, o estilo de vida e as decisões são tomadas até mesmo debaixo de uma roupagem de fé. Tais pessoas deveriam aprender com nosso mestre. Vejam a tentação no deserto (…). Não é porque tinha uma promessa de proteção, que ele – Jesus – deveria pular do pináculo do templo.
Sei que o assunto é extenso, mas vou ficando por aqui. O que importa, para mim e você, é termos a firme convicção de que em Jesus o medo da morte não faz sentido. Não precisamos viver como escravos desse medo. Quando a mim, o meu medo – se é que posso assim chamá-lo, é de morrer e não realizar tudo que Ele colocou dentro de mim para fazer. Se você também tem esse medo, estamos juntos; e penso que ele opera a nosso favor, nos impulsionando todos os dias em direção da visão que Ele colocou no nosso coração para realizar.
Celso Melo
Ipatinga / MG
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